Arquivo para outubro, 2009

O ABRAÇO

Posted in Não categorizado on 14 de outubro de 2009 by waleskapink
DEFINIÇÃO DE ABRAÇO POR UM MINEIRO…

A TECNOLOGIA MINEIRA DO ABRAÇO

O matuto falava tão calmamente, que parecia medir, analisar e meditar sobre
cada palavra que dizia…
"É … das invenção dos hómi, a que mais tem sintido é o abraço."
O abraço num tem jeito dum só apruveitá!
Tudo quanto é gente, no abraço, participa duma beradinha…
Quandu ocê ta danado de sordade, o abraço de arguém ti alivia…
Quandu ocê ta danado de reiva, vem um, te abraça e ocê fica até sem graça
de continuá cum reiva…
Si ocê ta filiz e abraça arguém, esse arguém pega um poquim de sua
alegria…
Si arguém ta duente, quandu ocê abraça ele, ele começa a miorá, i ocê miora
junto tamém…
Muita gente importante e letrado já tentô dá um jeito de sabê pruquê quié
qui o abraço tem tanta tequilonogia, mas ninguém inda discubriu…
Mas, iêu sei…
Foi o isprito santo de Deus qui mi contô…
Iêu vô conta proceis uqui foi qui ele mi falô:
O abraço é bão prucausa do Coração…
Quandu ocê abraça arguém, fais massage no coração!…
I o coração do ôtro é massagiado tamém!

Mas num é só isso, não…
Aqui ta a chave do maior segredo de tudo:
É qui, quandu abraçamo arguém, nóis fiquemo tudo é com dois coração no
peito!…

(autor desconhecido)

O MENINO QUE CARREGAVA ÁGUA NA PENEIRA

Posted in Não categorizado on 13 de outubro de 2009 by waleskapink

Tenho um livro sobre águas e meninos.
Gostei mais de um menino
que carregava água na peneira.

A mãe disse que carregar água na peneira
era o mesmo que roubar um vento e sair
correndo com ele para mostrar aos irmãos.

A mãe disse que era o mesmo que
catar espinhos na água.
O mesmo que criar peixes no bolso.

O menino era ligado em despropósitos.
Quis montar os alicerces de uma casa sobre orvalhos.

A mãe reparou que o menino
gostava mais do vazio
do que do cheio.
Falava que vazios são maiores
e até infinitos.

Com o tempo aquele menino
que era cismado e esquisito
porque gostava de carregar água na peneira.

Com o tempo descobriu que escrever seria
o mesmo que carregar água na peneira.

No escrever o menino viu
que era capaz de ser
noviça, monge ou mendigo
ao mesmo tempo.

O menino aprendeu a usar as palavras.
Viu que podia fazer peraltagebs com as palavras.
E começou a fazer peraltagens.

Foi capaz de modificar a tarde botando uma chuva nela.

o menino fazia prodígos.
Até fez uma pedra dar flor!
A mãe reparava o menino com ternura.

A mãe falou:
Meu filho você vai ser poeta.
Você vai carregar água na peneira a vida toda.
Você vai encher os
vazios com as suas
peraltagens
e algumas pessoas
vão te amar por seus
despropósitos.

Manoel de Barros

O LINGUAJAR CEARENSE

Posted in Não categorizado on 11 de outubro de 2009 by waleskapink

Todo poeta de fato
É grande observador
Seja da rua ou do mato
Seja leigo ou professor
Faz verdadeira pesquisa
Vasto estudo realiza
Buscando essência e teor

Por esse nato talento
Na hora de versejar
Busca o tema e o momento
Visa o leitor agradar
Não sente conformação
Se não passa a emoção
Que dentro do peito está

Neste cordel-dicionário
Eu pretendo registrar
O rico vocabulário
Da criação popular
No Ceará garimpei
Juntei tudo, compilei
Ao leitor quero ofertar

Se alguém é desligado
É chamado de bocó
Broco, lerdo e abestado
Azuado ou brocoió
Arigó e Zé Mané
Sonso, atruado, bilé
Pomba lesa e zuruó

Artigo novo é zerado
Armadilha é arapuca
O doido é abirobado
Invencionice é infuca
O matuto é mucureba
Qualquer ferida é pereba
Mosquito grande é mutuca

Quem muito agarra, abufela
Briga pequena é arenga
Enganação, esparrela
Toda prostituta é quenga
Rapapé é confusão
De repente é supetão
Insistência é lenga-lenga

Qualquer tramóia é motim
Solteira idosa é titia
Mosquitinho é mucuim
Recipiente é vasia
Meia garrafa é meiota
O exibido é fiota
Travessura é istripulia

Bebeu muito é deodato
Brisa leve é cruviana
O sujeito otário é pato
Cigarro curto é bagana
Fugir é capar o gato
O engraçado é gaiato
Quem vai preso tá em cana

Ter mesmo nome é xarapa
Muito junto é encangado
Água com açúcar é garapa
Cor vermelha é encarnado
Muita coisa dá mêimundo
Sendo Mundim é Raimundo
Valentão é arrochado

A rede velha é fianga
Com raiva é apurrinhado
Careta feia é munganga
Baitinga é o mesmo viado
O bom é só o pitéu
Bajulador, xeleléu
Sem jeito é malamanhado

Bater fofo é não cumprir
tecetera é escambau
Sujar muito é encardir
Quem acusa, cai de pau
Confusão é funaré
Carta coringa é melé
Atacar é só de mau

Qualquer botão é biloto
Mulher difícil é banqueira
Pequenino é pirritoto
Estilingue é baladeira
Qualquer coisa é birimbelo
Descorado é amarelo
Sem requinte é labrocheira

Um perigo é boca quente
Porco novo é bacurim
Atrevido é saliente
Quem não presta é corja ruim
Dedo duro é cabuêta
A perna torta é zambêta
Coisinha pouca é tiquim

Parteira era cachimbeira
Dar mergulho é tibungar
Tem cucuruto, moleira
Olhar demais é cubar
Tem ainda ternontonte
Que vem antes do antonte
Ver de soslaio é brechar

Quem briga bota boneco
Sem valor é fulerage
Copo pequeno é caneco
Estrada boa é rodage
O tristonho é capiongo
Galo ou inchaço é mondrongo
E a ralé é catrevage

O velho ovo estrelado
É o bife do oião
Nervoso é atubibado
Repreender é carão
O zarôlho é caraôi
Enviezado, zanôi
Inquieto é frivião

A perna fina é cambito
Dar o fora é azular
Muito magrelo é sibito
Pisar manco é caxingar
Rede pequena é tipóia
Tudo bem é tudo jóia
Fazer troça é caçoar

A expressão ‘dá relato’
Que atinge mais de légua
‘Tá ca peste!’ ‘Só no Crato!
‘Tá lascado!’ e ‘Aarre égua!’
‘Corra dentro!’ ‘ Qué cirmá? ‘
‘É de rosca? ‘Éé de lascar! ‘
‘Vôte!’ ‘Ôxente! ‘Isso é paid’égua!’

Se é muito longe, arrenego
Que Deus do céu nos acuda
É pra lá da caixa prego
Lá no calcanhar do juda
Nas bimboca ou cafundó
Nas brenha ou caixa bozó
Onde o vento a rota muda

Se é cheia de babilaque
É ispilicute ou dondoca
Ligeiro é ‘que nem um traque’
Agachado é tá de coca
Sem rumo é desembestado
O faminto é esguerado
Bolha na pele é papoca

Chamuscado é sapecado
Nuca, cangote é cachaço
Meio tonto é calibrado
A coluna é espinhaço
Se está adoentado
Tá como diz o ditado:
‘da pucumã pro bagaço’

Cearense tem mania
Chama todo mundo Zé
Zé da onça, Zé de tia
Zé ôin ou Zé Mané
Zé tatá ou Zé de Dida
Achando pouco apelida
Um bocado de Zezé

Fazer goga é gaiofar
O que é longo é cumprissaio
Provocar é impinjar
Toda pilôra é desmaio
Salto ligeiro é pinote
Bando, turma é um magote
Cesto sem alça é balaio

A comidinha caseira
Tem fama no Ceará
Tipicamente brasileira
Faz o caboco babar
No bar do Mané bofão
Pau do guarda, panelão
O cardápio vou citar:

Sarrabulho, panelada
Mucunzá e chambari
Tripa de porco, buchada
Baião de dois com piqui
Tem pão de milho e pirão
Carne de sol com feijão
Tijolo de buriti

Quem é ruivo é fogoió
O tristonho é distrenado
Tornozelo é mocotó
Cheio de grana, estribado
Jarra de barro é quartinha
O banheiro é a casinha
Sem saída, ‘tá pebado’

A bebida e o seu rol
No Ceará todo habita
A fubuia e o merol
A truaca e a birita
Amansa sogra ou quentinha
Engasga gato, caninha
A meropéia e a mardita

O picolé no saquinho
Aqui se chama dindin
Se é o dedo menorzinho
É chamado de mindin
Riso sonoro é gaitada
Confusão é presepada
Atrevido é saidin

Papo longo e sem valor
É ‘miolo de pote’
Muito esperto é vívido
Adolescente é frangote
Soldado raso é samango
A lagartixa é calango
O tabefe é cocorote

A lista é quase sem fim
Não cabe num só cordel
Tem alpercata, alfinim
Enrabichada e berel
Chué, baé, avexado
Bãe de cúia, ôi bribado
Quebra-queixo e carritel

Tem visage, sarará
Tem bruguelo e inxirido
Rabiçaca e aluá
Ispritado e zói cumprido
Bunda canastra, lundu
Dona encrenca, sabacu
Bonequeiro e maluvido

O cearense é assim:
Dá cotoco à nostalgia
A tristeza leva fim
Na cacunda dá euforia
dá de arrudei na carência
Enrola a sobrevivência
e embirra na alegria

Josenir A. de Lacerda
Josenir ocupa Cadeira nº 3 da Academia dos Dordelistas do Crato.

ISSO É SER CRIANÇA, ISSO É SER FELIZ!!!

Posted in Não categorizado on 9 de outubro de 2009 by waleskapink

IV

Minha mãe me deu um rio.
Era dia de meu aniversário e ela não sabia
o que me presentear.
Fazia tempo que os mascates não passavam
naquele lugar esquecido.
Se o mascate passasse a minha mãe compraria
rapadura
Ou bolachinhas para me dar.
Mas como não passara o mascate, minha mãe
me deu um rio.
Era o mesmo rio que passava atrás de casa.
Eu estimei o presente mais do fosse uma
rapadura do mascate.
Meu irmão ficou magoado porque ele gostava
do rio igual aos outros.
A mãe prometeu que no aniversário do meu
irmão
Ela iria dar uma árvore para ele.
Uma que fosse coberta de pássaros.
Eu bem ouvi a promessa que a mãe fizera
ao meu irmão
E achei legal.
Os pássaros ficavam durante o dia nas margens
do meu rio
E de noite eles iriam dormir na árvore
do meu irmão.
Meu irmão me provocava assim: a minha árvore
de flores lindas em setembro.
E o seu rio não dá flores!
Eu respondia que a árvore dele não dava
piraputanga.
Era verdade , mas o que nos unia demais eram
os banhos nus no rio entre pássaros.
Nesse ponto nossa vida era um afago!

Manoel de Barros

Memórias Inventadas- A Terceira Infância

FELIZ DIA DAS CRIANÇAS

Posted in Não categorizado on 9 de outubro de 2009 by waleskapink

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Piadinha Dia das Crianças

Posted in Piadas on 9 de outubro de 2009 by waleskapink
Duas criancinhas de oito anos conversam no quarto:

O menino perguntou para a menina:

– O que você vai pedir no DIA DAS CRIANÇAS?
– Eu vou pedir uma Barbie, e você?

– Eu vou pedir um O.B.! -responde o menino.
– O.B.?! O que é isso ?!
– Nem imagino … mas na televisão dizem que com O.B. a gente pode ir a
 praia todos os dias, andar de bicicleta, andar a cavalo, dançar, ir ao
Clube, correr, fazer um montão de coisas legais, e o melhor…. SEM QUE
NINGUÉM PERCEBA.

VITÓRIA X FLAMENTO

Posted in Não categorizado on 8 de outubro de 2009 by waleskapink
VITÓRIA X FLAMENGO
 
 
3 X 3
 
 
 
ATÉ QUE PONTO ISSO IMPORTA?
 
ISSO É MAIS IMPORTANTE DO QUE O QUE?
DO QUE QUEM?
 
SINTO MUITO!!!
 
 
 
MAS OS MEUS VALORES SÃO OUTROS…  E É ISSO QUE IMPORTA PRA NÓS!!!

COMO PODE??????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????

Posted in Não categorizado on 8 de outubro de 2009 by waleskapink
 
COMO PODE????
 
 
COMO PODE GENTE???
 
 
MEU DEUS, COMO PODE???
 
 
O "COMO PODE????"  ME PERSEGUE…
 
 
 
ACHO QUE NÃO CONSIGO MESMO CONVIVER COM MENTIRAS…

RECEBI POR EMAIL

Posted in Não categorizado on 6 de outubro de 2009 by waleskapink
 
 
Pessoas assim dão vontade de conhecer… Tenho algumas no meu círculo de amizades, inclusive a que me enviou o email, mas são pessoas raras, de uma beleza interior que nenhum cirurgião poderia refazer. São essas pessoas que me fazem acreditar na humanidade.
 
 
 
Lya Luft

 

Mês passado participei de um evento sobre o Dia da Mulher.

 
Era um bate-papo com uma platéia composta de umas 250 mulheres de todas as raças, credos e idades.

 
E por falar em idade, lá pelas tantas, fui questionada sobre a minha e, como não me envergonho dela, respondi.

 
Foi um momento inesquecível…

 
A platéia inteira fez um ‘oooohh’ de descrédito.

 
Aí fiquei pensando: ‘pô, estou neste auditório há quase uma hora exibindo minha inteligência, e a única coisa que provocou uma reação calorosa da mulherada foi o fato de eu não aparentar a idade que tenho? Onde é que nós estamos?’

Onde não sei, mas estamos correndo atrás de algo caquético chamado ‘juventude eterna’. Estão todos em busca da reversão do tempo.

 
Acho ótimo, porque decrepitude também não é meu sonho de consumo, mas cirurgias estéticas não dão conta desse assunto sozinhas.

 
Há um outro truque que faz com que continuemos a ser chamadas de senhoritas mesmo em idade avançada.

A fonte da juventude chama-se "mudança".

De fato, quem é escravo da repetição está condenado a virar cadáver antes da hora.

 
A única maneira de ser idoso sem envelhecer é não se opor a novos comportamentos, é ter disposição para guinadas.

 
Eu pretendo morrer jovem aos 120 anos.

 
Mudança, o que vem a ser tal coisa?

 
Minha mãe recentemente mudou do apartamento enorme em que morou a vida toda para um bem menorzinho.

 
Teve que vender e doar mais da metade dos móveis e tranqueiras, que havia guardado e, mesmo tendo feito isso com certa dor, ao conquistar uma vida mais compacta e simplificada, rejuvenesceu.

 
Uma amiga casada há 38 anos cansou das galinhagens do marido e o mandou passear, sem temer ficar sozinha aos 65 anos.

 
Rejuvenesceu.

Uma outra cansou da pauleira urbana e trocou um baita emprego por um não tão bom, só que em Florianópolis, onde ela vai à praia sempre que tem sol.

 
Rejuvenesceu.

Toda mudança cobra um alto preço emocional.

 
Antes de se tomar uma decisão difícil, e durante a tomada, chora-se muito, os questionamentos são inúmeros, a vida se desestabiliza.

 
Mas então chega o depois, a coisa feita, e aí a recompensa fica escancarada na face.

Mudanças fazem milagres por nossos olhos, e é no olhar que se percebe a tal juventude eterna.

 
Um olhar opaco pode ser puxado e repuxado por um cirurgião a ponto de as rugas sumirem, só que continuará opaco porque não existe plástica que resgate seu brilho.

 
Quem dá brilho ao olhar é a vida que a gente optou por levar.

Olhe-se no espelho…


Lya Luft


INVERDADES

Posted in Não categorizado on 5 de outubro de 2009 by waleskapink
Por que dizer "não" ao "sim"?
As forças do pensamento…
As razões da vontade…
Os impulsos dos desejos…
Enfim, tudo é sobrepujado.
Por circunstancias sociais
Por que refrear os mais belos sentimentos?
Por que a boca da verdade
Tem que ser calada?
Por que a própria vontade de viver tem que ser obscurecida por uma falsa realidade?
Quantos sóis poderiam brilhar nas constelações de nossas vidas e no entanto são cobertos pelas nuvens negras das pseudomoralidades?
Simplesmente estamos acorrentados a um mundo de
INVERDADES.